Como afirmei aqui, vamos iniciar uma série de reflexões de por que migrei do catolicismo para a Igreja Presbiteriana. Nossa primeira reflexão é sobre a Tradição defendida pelos católicos.
A Bíblia é a Palavra de Deus e é ela que deve
ser seguida.
Quando o catolicismo adiciona a tradição à
regra de fé e prática, vai contra a própria Palavra de Deus. Em Provérbios a
Palavra vai falar: “Toda palavra de Deus é pura; ele é
escudo para os que nele confiam. Nada acrescentes às suas palavras,
para que não te repreenda, e sejas achado mentiroso. ” (Cf. Prov 30:5-6). Na primeira carta
de Paulo aos Corintios, não resta dúvida: “Estas
coisas, irmãos, apliquei-as figuradamente a mim mesmo e a Apolo, por vossa
causa, para que por nosso exemplo aprendais isto: não ultrapasseis o
que está escrito; a fim de que ninguém se ensoberbeça a favor de um em
detrimento de outro. ” (1Cor4:6) E como discordar de João no Apocalipse: “Eu, João, aviso solenemente aos que ouvem as
palavras proféticas deste livro: se alguma pessoa acrescentar a elas
alguma coisa, Deus acrescentará ao castigo dela as pragas descritas neste
livro. E, se alguma pessoa tirar alguma coisa das palavras proféticas deste
livro, Deus tirará dela as bênçãos descritas neste livro, isto é, a
sua parte da fruta da árvore da vida e também a sua parte da Cidade Santa.
” (Ap 22:18-19)
Podemos também citar 1Coríntios 3:11; Gálatas 1:8-9 e 2João 1:9 e tantas outras passagens da Palavra que vai dispor sobre isso: NÃO DEVEMOS ACRESCENTAR NADA MAIS À PALAVRA DE DEUS, ELA BASTA! SOLA SCRIPTURA!
Podemos também citar 1Coríntios 3:11; Gálatas 1:8-9 e 2João 1:9 e tantas outras passagens da Palavra que vai dispor sobre isso: NÃO DEVEMOS ACRESCENTAR NADA MAIS À PALAVRA DE DEUS, ELA BASTA! SOLA SCRIPTURA!
Quando falamos de Palavra
de Deus temos que lembrar que “O Verbo se fez Carne”, não há relato que a
tradição se fez carne. Não foi a tradição dos Patriarcas Judeus que se
encarnou, mas o próprio Verbo de Deus! Não há sequer um vestígio na Bíblia que
sustente a tradição como pilar da fé. O Documento da Igreja Romana intitulada
“Constituição Dogmática Dei Verbum”
afirma com todas as letras: “A Igreja
venerou sempre as divinas Escrituras. Sempre as considerou, e continua a
considerar, juntamente com a sagrada Tradição, como regra suprema da sua fé ”
Note que é um documento que estabelece um dogma, ou seja, o que é considerado
no catolicismo uma “verdade de fé” que não tem explicação, tem que crer e
ponto...
Argumenta-se que nas primeiras décadas não havia Bíblia como conhecemos, não havia o Novo Testamento como está esquematizado, que o os primeiros cristãos viviam da tradição, mas é errado esse pensamento pois não era tradição que os primeiros cristãos viviam, eles viviam a Palavra de Deus! A tradição apostólica não é baseada em ritos e costumes, era baseada na Palavra de Deus. Tradição é importante, mas devemos lembrar que a tradição apostólica derivava da Palavra como fonte de fé e prática e por isso não é correto equiparar a Tradição à Palavra. Os Apóstolos, os primeiros cristãos viviam o Evangelho da forma mais pura possível que era pregado pelo testemunho daqueles homens e mulheres! Que coisa mais linda! Isso é o Evangelho, eles viviam a Palavra pois tradição alguma salvaria aquelas pessoas!
Tanto é que
Irineu de Lyon, um dos considerados “Pais da da Igreja Primitiva”, disse o
seguinte: “Não pequena discussão havia ocorrido entre os irmãos de Corinto, e a
Igreja de Roma enviou uma poderosa carta aos coríntios, exortando-os à paz,
renovando a sua fé e declarando a tradição que tinha recentemente
recebido dos apóstolos, proclamando um Deus
onipotente, Criador do céu e da terra, o Criador do homem, que trouxe o dilúvio
e chamou Abraão, que falou com Moisés, que estabeleceu a lei, que enviou os
profetas, e que preparou o fogo para o diabo e seus anjos. A
partir deste documento, todo aquele que lê-lo pode saber que Ele, o Pai de
nosso Senhor Jesus Cristo, foi pregado pelas Igrejas, e também pode compreender a tradição da Igreja”
Em outras palavras o que
Irineu estava dizendo é que: TRADIÇÃO APOSTÓLICA É O ENSINO DA PALAVRA DE DEUS,
NÃO DOUTRINA ‘PARABÍBLICAS’ OU EXTRA-BÍBLIA.
Tradição Apostólica não era – e não pode ser – um acréscimo
à Palavra, ela é a pregação e o ensino da Palavra.
Atanásio expressa também o que é a Tradição
Apostólica:
“E porque esta é a fé da Igreja, que
eles de algum modo compreendam que o Senhor enviou os apóstolos e os
comissionou para fazer disso o fundamento da Igreja, quando disse: ‘Ide ensinar todas as pessoas,
batizando-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo’”
Irineu ainda expondo o tema, citou os Bárbaros que
não tinha nem “pena ou tinta” pra escrever a Palavra e mesmo preservam a
tradição dos apóstolos que era de pregar e viver o Evangelho!
Irineu ainda fala de “Provas Bíblicas” para a
Tradição:
"Uma
vez que a tradição dos apóstolos existe na Igreja e é permanente entre nós, vamos voltar para as provas bíblicas por aqueles apóstolos que também
escreveram o Evangelho e que registraram a respeito de Deus, apontando que
nosso Senhor Jesus Cristo é a verdade, e que nenhuma mentira há nele"
Nisso fica mais que claro que
a tradição apostólica defendida pelos Pais da Igreja não abre brecha para crenças
parabíblicas ou extra-bíblia, mas doutrinas provadas pela Bíblia.
O Próprio Irineu de Lyon, um dos mais
aclamados pelos apologetas católicos, fala expressamente condenando
aqueles que acrescentavam coisas à Palavra de Deus:
“Leem
coisas que não foram escritas e, como se costuma dizer, trançando cordas com
areia, procuram acrescentar às suas palavras outras
dignas de fé, como as parábolas do Senhor ou os oráculos dos
profetas ou as palavras dos apóstolos, para que as suas fantasias não se
apresentem sem fundamento. Descuidam a ordem e o texto das Escrituras e enquanto lhes é possível dissolvem
os membros da verdade. Transferem, transformam e fazendo de uma coisa outra
seduzem a muitos com as palavras do Senhor atribuídas indevidamente a fantasias
inventadas”
Geeeente, o Atanásio – O ATANÁSIO – que é um dos
principais citados para a defesa católica da Tradição diz o seguinte: “E o Senhor reprovou os judeus, dizendo:
‘Vocês transgridem os mandamentos de Deus por
causa das suas tradições’ (Mt.15:3). Pois eles posteriormente mudaram os
mandamentos que receberam de Deus pelo seu próprio entendimento, preferindo observar as tradições dos
homens. E, sobre estes, pouco tempo depois o bem-aventurado Paulo novamente
deu orientações aos gálatas que estavam em perigo, escrevendo-lhes: 'Se alguém
pregar alguma coisa que vá além do que já receberam, seja anátema’ (Gl.1:9)”
E também Atanásio: “Mas a nossa fé é certa, e
começa a partir do ensino dos apóstolos e da tradição dos Pais, sendo confirmada tanto pelo Novo como pelo Antigo Testamento”
Outra lenda
eclesiástica que ronda os muros do Vaticano é que a Trindade é fruto dessa
tradição oral e portanto por esse pensamento, a tradição pode sim criar
doutrina. Mas quem refutou essa heresia foi ninguém menos que Agostinho, um
doutor da igreja católica:
“Todos
esses católicos expositores das divinas Escrituras, tanto do Antigo como do
Novo Testamento, a quem eu tenho sido capaz de ler, que escreveram antes de mim sobre a Trindade, de
acordo com as Escrituras, atestaram esta doutrina, de que o Pai, o Filho e
o Espírito Santo são uma íntima e divina unidade de uma única e mesma
substância em uma igualdade indivisível. A Trindade é suficientemente
demonstrada de acordo com a fé da Sagrada Escritura”
E sobre o Espírito Santo, disse Agostinho:
“Vejo que o
meu argumento neste livro com respeito ao Espírito Santo, de acordo com a Sagrada Escritura, é o bastante para homens fieis que sabem já que o Espírito
Santo é Deus, e não de outra substância, nem menos do que o Pai e o Filho como temos
demonstrado ser verdade nos livros anteriores, de acordo com as mesmas Escrituras”
Poderia ficar aqui enumerando vários e vários membros
da igreja primitiva que são constantemente usados nas argumentações católicas
pra defender o dogma da tradição, como Cipriano, Basílio de Cesaréia que era
claro em afirmar que a tradição só valia se fosse bíblica, Jerônimo, Hilário, Dionísio, Policarpo e
tantos outros que não admitiam nada fora da Palavra. Tanto é que a Igreja
Romana apenas “oficializou” a doutrina da Tradição no concílio de Trento (1545 –
1563) em resposta à Reforma Protestante.
Por isso depois de tudo que li à Luz da Palavra de
Deus e dos Pais da Igreja, não tive dúvida que essa doutrina é equivocada e não
encontra amparo bíblico. Como diz a Confissão de Fé de Westminster: “A regra infalível de interpretação da Escritura
é a mesma Escritura; portanto, quando houver questão sobre o verdadeiro e pleno
sentido de qualquer texto da Escritura (sentido que não é múltiplo, mas único),
esse texto pode ser estudado e compreendido por outros textos que falem mais claramente.
”
Ou seja: Somente a Palavra de Deus é suprema autoridade para dispor
sobre fé e prática cristã; só ela é o magistrado de todas as discussões.
Ela é o preceito para todas as decisões de
fé e vida.
Sola Scriptura!
Lucas Pinheiro
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